quarta-feira, 3 de março de 2010

E o Rio de Janeiro continua lindo!




Quando eu era criança minha avó, que era lavadeira e trabalhava em uma casa em Laranjeiras, me levava para o trabalho para lhe fazer compania enquanto ela passava pilhas de lençois e toalhas. Na volta para casa pegávamos o ônibus em um lugar que se chamava Castelo, e eu me lembro de procurar insistentemente o castelo que dava nome ao local toda vez que passávamos por lá, mas nunca o encontrei. Perguntei a minha avó onde estava o castelo e ela disse que não sabia onde estava e nem por que aquele local se chamava Castelo. Outra questão que me intrigava era a de que as pessoas chamavam o Centro da cidade do Rio de Janeiro de Cidade e não de Centro da Cidade. Como sempre fui curiosa acabei estudando história e hoje, apaixonada pelo Rio de Janeiro, descobri muitas peculiaridades sobre a cidade que vou dividir com todos.
O Castelo, que fica entre a praça XV e a Avenida Rio Branco hoje tem este nome pois naquele local havia um morro com o mesmo nome, local onde nasceu a cidade do Rio de Janeiro. Em um primeiro momento Estácio de Sá, o fundador de nossa cidade, instalou uma fortificação no morro Cara de Cão, mas não havia água potável próxima a fortificação, então ele transferiu seus homens para um ponto estratégico de onde se podia visualizar a entrada da Baía de Guanabara e preparar melhor uma defesa em caso de ataque dos Franceses, que naquele momento tentavam tomar o território dos portugueses.
Ali, naquele morro, foi edificada a primeira Igreja do Rio de Janeiro, as primeiras casas. Para garantir o fornecimento de água, Estácio de Sa´lutou com os índios, que também usavam a água do rio, morrendo na luta, mas garantindo para a nova cidade um manancial de água boa para o consumo. Anos mais tarde este rio seria canalizado e passaria pelos grandes arcos que hoje conhecemos como arcos da lapa para abastecer toda a cidade. No local que hoje conhecemos como Largo da Carioca existiu uma imensa lagoa, que tinha ligação com a baía de Guanabara por um canal chamado rua da vala, que hoje conhecemos como rua Uruguaiana. quando a cidade desceu o morro do Castelo e começou a se ampliar na planície, a Rua da Vala era o limite, para além dela, somente pântanos e areal, mata selvagem onde ninguém se aventurava. O corpo dos escravos mortos eram jogados do outro lado da vala e pronto.
Outro local onde havia uma grande lagoa era o que hoje conhecemos como passeio público. O mar chegava até o obelisco no final da Avenida Rio Branco e margeava a Igreja da Glória. Grande parte da região portuária foi aterrada, e, logicamente, o aterro do Flamengo também.
O local onde nasceu e cresceu a Cidade do Rio de Janeiro se limitava por quatro morros que compreende o perímetro que hoje chamamos de Centro da cidade, e que por quase 300 anos era "a cidade". Para além somente mata, mangues, areais, animais selvagens. Imaginem este panorama para além da Uruguaiana, e terão uma idéia de como foi um dia toda a área compreendida fora destes limites.
Cada palmo desta cidade teve de ser conquistado e modificado para que pudesse ter o mínimo de condição de ser habitado. Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário